O sistema de saúde em Angola, conforme o Folha 8 tem vindo a reportar há muitos anos, é lastimável para a maioria pobre e miserável, ao contrário do que se passa com uma minoria elitista e endinheirada que ostenta seguros de saúde nas poucas clínicas privadas e caríssimas existentes no país, e beneficia de privilégios de tratamentos nos melhores hospitais da Espanha, Inglaterra, Portugal, Estados Unidos da América e outros países do primeiro mundo.
Por Idalina Diavita e Pedrowski Teca
Adilson Osvaldo João Caiúlo, de 28 anos de idade, é o exemplo mais recente da triste realidade dos mais de 24 milhões de angolanos pobres e miseráveis atirados à sua sorte.
O jovem da cidade capital, Luanda, denunciou em 16.07.2017, não somente a incompetência que resultou em negligência médica, como também o estado deplorável dos hospitais públicos da cidade mais cara do mundo, que carecem dos mais básicos medicamentos e materiais hospitalares, restando aos médicos a triste e única possibilidade de consulta e atribuição de uma receita médica.
Para o Adilson Caiúlo, o infortúnio começou com uma forte dor de barriga, quando eram 12 horas de 16.06.2017, e decidiu recorrer aos serviços do Hospital Municipal da Samba, localizado por detrás da escola General Pedalé, na Vila do Gamek, em Luanda.
Primeiramente, o que já é habitual, o jovem paciente teve que ser submetido à burocracia na recepção, onde explicou o que sentia, recebendo assim uma ficha que lhe valeu a espera por quase duas horas e sem qualquer tipo de assistência clínica.
“A dor só aumentava. Fui até à sala dos enfermeiros, onde encontrei uma tal de doutora Albertina Puiro. Saudei a Senhora mas ela nem sequer respondeu e logo em seguida disse-me: meu Senhor, vais aguardar até quando eu voltar do almoço. Só assim o vou atender. Em seguida eu respondi: minha Senhora, estou com muita dor, faz favor. Ela disse: Senhor, sai fora e aguarda”.
Na aflição, Adilson Caiúlo teve de aguardar mais 30 minutos, quando foi chamada pela mesma doutora.
“Me disse: Senhor, aqui o Senhor não manda. Eu é que sei se te atendo ou não”, denunciou.
De seguida, a médica pediu que o mesmo se deitasse e explicasse, mais uma vez, o que o levou ao hospital. Posteriormente, apalpou a barriga do paciente e afirmou que o mesmo tinha dor de estômago.
“Como é sabido que nos hospitais angolano nunca têm nada, pegou a receita e entregou-ma, dizendo: compra essas ampolas e depois volta para te aplicar”, explicou o paciente, que mesmo na angústia, foi à farmácia comprar as ampolas que lhe foram administradas.
“Depois disso, disse-me vai para casa. Fiz algum esforço e fui para casa, e mesmo assim as dores não paravam”, conta.
Resultados da negligência
Passados dois dias, a dor não cessava e borbulhas começaram a surgir nos braços e pernas de Adilson Caiúlo.
Foi levado pelos seus familiares à sala de urgência da Clínica do Prenda, onde após ler a receita que lhe havia sido administrada, o médico exclamou que lhe foi aplicada uma composição errada para dores de estômago.
O médico esclareceu que as borbulhas no corpo são alergias resultantes das ampolas aplicadas. Por nova receita médica, a família de Adilson Caiúlo teve de comprar outras ampolas, que após serem administradas, aliviaram as dores do estômago.
Naquela noite, Adilson conseguiu ter uma noite tranquila, tendo a sugestão de marcar consulta de dermatologia no Hospital Josina Machel.
“No dia seguinte, as bolas começaram a ficar tensas e a dar-me muitas dores nas pernas e os braços inflamaram. Não conseguia andar. Só chorava, louvava e orava”, disse.
Na dor e desespero, Adilson Caiúlo procurou a intervenção da igreja, que também o orientou a regressar ao hospital onde lhe foi dada a medicação errada.
O paciente dirigiu-se ao Hospital Geral de Luanda, que o transferiu para o Hospital Américo Boa Vida.
“Chegando lá, fui posto na sala de urgência, onde quase fiz 5 horas para ser atendido, mas graças a Deus fui atendido e ao mesmo tempo internado”, disse.
Somente no dia seguinte é que o paciente foi observado e submetido a alguns exames para se descobrir o que lhe havia causado a reacção.
Após uma semana de tratamento, as feridas se alastravam cada vez porque a medicação não estava a fazer efeito.
“De tanta dor e medo, gritei: Jesus me ajuda. Os doutores todos preocupados disseram que iriam trocar os antibióticos. Dali então, trocaram e graças à Deus começou a surtir efeitos”, exclamou.
A denúncia de Adilson Osvaldo João Caiúlo, que demonstra a realidade dos hospitais em Angola, ganhou solidariedade na rede social Facebook, onde vários cidadãos se indignaram e ajudaram na divulgação de mais uma negligência médica.
“Só agora tenho a certeza que muitas mortes em Angola são provocadas por muitos enfermeiros e doutores mal formados e assassinos”, rematou a vítima.
Nesse preciso momento estou neste hospital, onde já espero por duas horas.
Perguntei ao um dos enfermeiros que saiu da enfermaria quando serei atendido, e co.o resposta ele tive.
Tens que esperar o turno que vai render, nós já estamos a sair.
Quer dizer que o hospital ficará sem médicos por momentos, até que chega o turno para render, porque os que aqui se faz presente, estão a ir embora.
Agora pergunto eu: quem faz vigilância a esses funcionários, que não fazem valer o juramento de salvar vida a todos os custo!?
E ainda mais o hospital inteiro está cheio de mosquitos, desde a enfermaria até as salas de análises
E’ triste o que se passa na minha terra . Agora o que se passara’ com essa tal de doutora? Ordem dos Medicos De Angola.. para mim e’ retirar-lhe a carteira profissional e mandar a senhora para os calaboucos.
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